O VENTO DO TEMPO
O VENTO DO TEMPO
A ventania estremece os alicerçares
Dos muros, das casas, das favelas.
Entra sem pedir licença,
Invade nosso mundo com gulodice de vida urgente.
A ventania refresca os ambientes deixando leve o ar,
Fazendo-me pensar no que deixei para hoje, ontem;
No que perdi nos ventos sem me dar conta desse agitar
De vida muda.
As pessoas mudam as casas.
Com a ventania, as pessoas tornam-se mais gente,
Mais fragilizadas e mais bonitas.
A ventania limpa os poros dos pulmões,
Inflando o peito do desânimo, buscando do fundo do ser,
As cicatrizes sem dono.
A ventania é uma vida que não é nossa;
É um exalar de energia que nasce
Não se sabe de onde e nem como.
No íntimo, a ventania é a indisciplina que não cometemos,
É o querer levitar, é aspirar à própria vida.