O Retrato.

Estranho o estranho que sorri no retrato.

A foto esquecida na gaveta, antiga, esmaecida

Meu olhar pelas lágrimas embaçado,

Ainda que atordoado e sem rumo,

Percorre as paredes nuas da casa vazia dele,

O estranho do retrato.

Estranho o estranho que sorri no retrato.

Onde ficou o que vivemos?

Guardo o retrato na gaveta.

Já não choro.

Foi a despedida do que foi sem nunca ter sido

Era eu, era ele, mas nunca fomos nós.

Saio lentamente e fecho a porta.

O passado ficará lá.

Guardado na gaveta.

Esquecido.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 20/09/2020
Código do texto: T7067581
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