LEPIDOPTERA
Desajeitada
estranha ao ambiente que adentra
enfrenta espelhos, vidraças
até que pousa vertical
no branco da parede
sem saber o que fazer com as patas-mãos
e as antenas nervosas.
Inofensiva e quase estática agora
o caos do voo anterior
o corpo gordo
e o feio castanho de seu dorso
desgostam a garota que
vassoura em punho, a contragosto
a enxota.
— Bruxa! — grita
— Seria outra se fosse colorida!
Mas certo laranja surge ao centro
das asas abertas em resposta aos golpes violentos
e o que era quase um medo
se dissolve em borboleta
janela afora.