ausência de roupa

Feito uma roupa velha, às vezes,

Pego um amor passado e o visto.

Sempre sozinho, não ouso torná-lo

Público às lágrimas em mim.

E numa prova de resultado antes já achado,

Eu tento desamassar amarguras,

Remendar buracos deixados pelo descaso,

Em vão, atar botões feitos de ausência.

A roupa velha traz ao corpo

Um novo abraço de último adeus,

Que não serve nem aquece, mas fere, e assim,

É posta de volta na gaveta escura do coração.

28.09.2020