A falta de não poder

São infinitas reticências que nos compõem,

dentre infinitos relicários de um amor não lapidado, invivido, utópico, quimérico.

Amor este, só do meu sentir.

Ele é reluzente, puro, intenso, leve e furacão. Porém, é preciso ser apático, incolor, abstruso, cauteloso em gestos, moderado em superficialidades tão bobas e poucas, pelo simples fato, de não existir para nós o poder vivê-lo.

Há tempos, não me apetece inspirações para escrever-nos a te escrever. Mesmo estando no mais propricio momento a por para fora o meu abalo, onde leva-me a juntar cacos indefinidos, oriundos de uma tristura amarga deste incrédulo "não poder", a fim de reconstruir o que jamais hesitei destruir: a minha certeza. A certeza tão firme, de que não passaríamos de um flerte qualquer de agosto. Que trouxe o gosto amargo da contradição .

Agora, sinto-te amor, mesmo assim, não sei bem dizer sobre o que sinto, apenas sei sentir. Faltam-me palavras, tenho lido poucos romances e livros, como forma de evitar lembranças que me levem a ti.

Agosto, ensinou-me que não existe certeza de que nada pode não ser tornar amor ou afeto.

Tampouco sei eu, se fazes jus a intensidade de meus escritos dedicados a ti. Tu, que és a semente que brotou tal amor. Visto que, tens memória deslembrada, um tanto fora do comum e me ofereces, por vezes, um amor de metades.

Te escrevo agora, apenas porque a saudade bateu em minh'a porta, afrontando-me pela dor relutante, entre deixar-te ou ir embora.

É apenas mais uma sexta-feira, que continuo a te gostar tanto, tão quanto porque, é o dia que inicia-se o começo dos finais de semana, estes, que incontáveis vezes almejei por tanto estar ao teu lado.

Sexta-feira e seguintes, são os dias em que a falta vira inimiga e corrói o peito.

Finais de semana, costumam soar-me como despedida. Ora, se já não te tenho nos dias de "feira", nos sábados e domingos, posso afirmar que nem sei quem tu és, onde moras, por onde andas. Apenas dói, faz falta e, a mesma, traz a saudade.

A falta faz-me carregar lembranças imaginárias nunca existentes: de estar apenas em tua companhia, sentindo teu cheiro, tomando um porre de vinho, ouvindo teu cantarolar junto ao nosso gosto tão peculiar e único, musical.

Livres, leves, pertencentes só nossos, sem amarras, barreiras e impedimentos.

Apenas, vestir para ti o meu vestido azul, perfumar-me de vinho tinto, e assim, não morrer de saudade, como já por tantas vezes morri.

Escrevo-te estes tais versos meus, sem graça, sem cor, um tanto apoético e coloquial. Porque hoje é sexta-feira, e desejaria eu apenas, teus dedos entrelaçados aos meus.

Quanto ao resto, sabemos nós, sobre nossos quereres.

Quisera e desejara eu, estar em teus pensamentos, nem que por algum instante, ou passar de tempo, nestes dias poucos, porém tão ausentes.

Te sinto imensa falta nos finais de semana.

Marinara Sena

16/10/2020

01:39am

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 18/10/2020
Código do texto: T7089914
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.