O POETA COMO COISA.
Quando eu tiver
fome,
e começar a devorar
as palavras,
não me chame de cão
faminto.
Nem de ferrugem nas
peças do labirinto.
Quero delas o sumo,
o caldo verde que dá
verdor aos versos.
Quero quebrar os ossos
rasgar,
tendões e músculos,
empurrar o tutano,
e resgatar delas o ar.
Não queira que esse ato
seja fugaz,
não é fácil penetrar
no universo das coisas,
e estabelecer vida.
Quando eu olhar
sobre a mesa rústica
a obra pronta,
não zombe do meu olhar,
quero absorver
no verde dos meu olhos
o pipilar da obra.
Deste ponto parto,
mas não me apressem!
Correr pra quê,
é inexplicável este caminhar,
nada de pressa.
No silêncio e na calma
o poeta constrói
a ponte, para depois
passar.
não o veja como coisa!
Apenas sinta os passos
do seu caminhar...