ENTRELINHAS
Enquanto eu te beijava
(era todo teu o universo)
um mel de mim jorrava
inexistia o errado e o certo
só a tua língua que me guiava
aos céus: esplendor de azul aberto.
Enquanto eu te ateava
(era todo teu o tudo)
uma solda se soldava
inexistia o relativo e o absoluto
só o teu gozo que me sonegava
o tempo: fim do passado e do futuro.
Enquanto eu te reanimava
(era todo teu o líquido)
um outro ser rebentava
inexistia o início e o epílogo
só o teu riso que me congelava
de suor: doce e lívido armistício.
Enquanto eu te habitava
nem o nada mais importava.