ISCA POÉTICA.
Abri-se
os olhos mortos,
olhe avidamente
o cio da tarde.
Afaste as cortinas
que ti inquietam.
Penetre o reino
do coração,
vai se despindo
lentamente,
como a tarde entregando
o dia nas mãos da noite.
Respire,
vá,dê mais um passo,
deixe que tuas mãos
abrace, e que suas retinas
incidam em
cada parte deste amor.
Torne cada pedaço
da vida ,
unicamente seu,
como a única gota
disponível num
deserto.
Olhe esse pássaro
sonolento que sobrevoa
este abismo,
veja como suas asas
penetram sem medo,
cada centímetro deste
espaço semi-escuro.
Pegue cada peça
do impercebido,
e a torne vistas
aos olhos universais,
ah,
isso é realização.
Vire ao avesso,
como aquele boiadeiro
que tange o gado
desobediente,
ele sabe que com garra
o coloca no lugar.
Descerrem as cortinas,
além da sua força,
seja águia,
voe além,
não deixe o que te
faz vivo partir...