A gordura dos dias

A vida é como gordura

Faz mal mas é bom

É bom mas faz mal

Animal ou vegetal

É óleo e água

Açúcar e sal

Gordura saturada

Fritura insaciada

A vida desliza

Junta poeira

E não se apega a nada.

O amor gorduroso

De Fausto, do Goethe

Por Pessoa, em Autran

A poesia da vida

A gordura tão lisa

Que deixa nada no lugar

Seca, não pode ser a vida

Tem que deslizar

Engordo, sei que morro

Sem gordura também

Oleosos são esses dias

Artérias cheias de poesias

Onde o infarto é arte

Uma lubrificada parte

Da estagnada correria.