FUGA

(do meu livro "Poéticas", 1986)

Este pranto que dos meus olhos flui

Nest'hora em que a cismar minha alma antiga

Inquieta, ao tentar evitar evitar-me à esmo

No abismo da vida rolar periga.

Sinto a morte de mim se aproximando

E seu ar gelado a roçar-me as pálpebras

O desespero domina o meu ser

Que em vão procura a luz e não vê paz...

Nesta angústia de viver no abandono

Vou perdendo a fé e até minha crença

Tudo é martírio - solidão - Deus!

Por que deste a mim tão cruel sentença?

pobre alma esta que carrego comigo

Escrava de si, é presa ao passado

Tem profundas cicatrizes que a vida

Cruelmente com seu ferro tem deixado.

Contudo, se a morte me der conforto

E para sempre findar esta angústia

Que venha buscar-me enquanto é noite

Quero morrer antes do raiar do dia...

Já que a vida é só tormento e dor

E até meus sonhos deixaram-me ao léu

Que me resta se nem a luz eu encontro

Mesmo quando em fuga procuro o céu?

Foge-me a esp'rança - já não sei de mim

Já nada resta e nada importa agora

Eis que o fantasma da morte me chama

Fecho os olhos - já é finda minha hora...

Deixo, pois gravado aqui para sempre

Minha última aventura nesta terra

E me perdoem eu peço aqueles que veem

Pecado numa alma que por amor erra...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 28/10/2020
Reeditado em 06/11/2020
Código do texto: T7098160
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