ADEUS AOS GUARDA-CHUVAS!

Despojei-me dos guarda-chuvas

que haviam em mim.

Eles represavam as arrebatadoras tempestades.

Me impediam de banhar-me com as libertárias gotas de chuva.

Até os ventos eles lhe emprestavam impedimentos.

Só faltavam confiscar as nuvens!

Diante de toda reclusão,

compactuei com estes artefatos de cabos, hastes,

e proteções desconfortantes

das líquidas liberdades

uma outra utilidade.

Em vez das pluviais precipitações,

guardariam

minhas lágrimas,

as lástimas,

as mágoas,

e as turvas águas da tristeza,

e quando um mensageiro

de eólicas aventuranças

por aqui passasse,

viajariam com ele levando

o fardo dos meus despejos

o enfado dos despojos

e dos meus desejos,

para algum redemoinho

nas lonjuras do céu.

E que não precisassem mais retornar,

pois serventia não haveriam de ter

nas novas chuvas

que cairão dentro de mim.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 30/10/2020
Código do texto: T7099968
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