Velha sorte

Aquela boca

repleta de meios sorrisos tristes

me deixa com preguiça

de terminar poemas,

mas não fico cabisbaixo.

É como cair lentamente em seus braços.

Meu violão empoeirado

encostado ao lado do guarda-roupa

é um jeans com rasgos no joelho

que não me cabe mais.

A aguardente envelhecida

lá em cima do armário

me olha de lado

e eu finjo que não sei de nada.

Na verdade, não é artimanha

da minha parte.

Não sei de absolutamente nada.

Saber destruiria tudo.

A graça está em buscar, sempre.

Onde eu irei parar?

A janela do quarto

brilha de forma irritante e

me diz que não vale a pena

ter um coração

onde deveria repousar o meu cérebro.

Então me cubro

com lençóis verdes

e espero que

sentir tanta coisa ao mesmo tempo

um dia me liberte

da fraqueza adquirida por apenas existir.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 30/10/2020
Código do texto: T7100152
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