A ponte que atravessei

Eu não percebia que alguém me tomava o lugar.

Eu era permissiva, sem estar consciente disso.

E assim fui vivendo sem meu lugar e sem o lugar do outro.

Pois o outro, consciente do seu lugar não permitia dividí- lo com ninguém.

Assim foi passando o tempo.

O vazio era grande.

Eu não tinha o meu lugar.

Eu não percebia que eu era dona de um espaço de inimaginável beleza .

Eu sentia o vazio.

Era triste.

Sem forças e vontades próprias eu ficava fora do Meu espaço e fora do espaço do outro.

Ninguém se importava.

As noites eram agitadas.

Os dias cinzas

O céu nebuloso.

Eu era o vazio de mim.

Até que um dia o despertar aconteceu.

Nas pequeninas coisas que eu escolhia, entendia que tinha minhas próprias vontades e podia realizar pequenas tarefas.

Assim, fui construindo uma ponte entre o meu vazio e o meu lugar.

Fiz a travessia, com grandes dificuldades.

Por momentos pensei em desistir.

Mas a voz interior dizia para eu continuar.

A ponte foi construída a partir dos meus anseios, do Meu querer.

Mas, um dia encontrei um espaço lindo.

Era florido de emoções, perfumado e amoroso.

Era o meu lugar.

Unicamente meu.

Meu espaço de vida.

Meu despertar.

Meu caminhar!