CASA DE PAU-A-PIQUE

(do meu livro "Poéticas", 1986)

"à minha mãe, Lucinda Rosolen Pimentel"

Casa de pau-a-pique

coberta de sapê

em noite de lua cheia

mil estrelas a gente vê.

Lá no alto da colina

lá bem pertinho de Deus

moram lá tantas saudades

e muitos sonhos meus...

Lembro-me papai e mamãe

e o grande amor que nos unia

aquele velho pé de cedro

e a doce sombra que fazia.

Nas suas paredes o meu pai

pendurava suas traias de peão

sua espingarda cartucheira

e o embornal de munição.

Minha mãe, sempre contente

cantando, trabalhava sem cessar

toda tarde na janela esperava

meu pai de sua lida regressar...

Dois tempos dividem o meu eu

dois tempos bem desiguais em verdade

minha vida e traços campal

e meus desenganos e dias banais da cidade.

Casa de pau-a-pique

que o progresso e a vida moderna

esqueceram, suas paredes em ruínas hoje caindo

retrato triste, que o abandono modela...

De um passado onde se podia ser simples

me traz lembranças, e ao vê-la, fico triste

porque você casinha, me fala da vida boa

e da felicidade de uma época que já não existe...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 01/11/2020
Reeditado em 06/11/2020
Código do texto: T7101780
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