Suas Cartas
Joga as cartas
Torce para que sejam boas
Se forem ruim
A noite acaba do mesmo jeito
Num cigarro encobrindo com fumaça toda a melancolia
Estampada na sua cara
Ou na dos que lamentaram pelas cartas boas
Que importa se já sabiam do baralho marcado
Se o que se joga é a própria vida
O destino abre as cartas
Uma a uma
Numa mesa suja
Onde as prostitutas deleitam prazeres sórdidos
E os marginais espreitam como abutres o dinheiro pútrido
Que se paga por um pouco mais de melancolia
Pelo risco da sorte
Pelo próximo cigarro
Pois tu és rei, como o destino
és dama, como as prostitutas
és coringa como os marginais
e sua vida não é menos suja que a mesa
onde você se vende.
[rh]