Suas Cartas

Joga as cartas

Torce para que sejam boas

Se forem ruim

A noite acaba do mesmo jeito

Num cigarro encobrindo com fumaça toda a melancolia

Estampada na sua cara

Ou na dos que lamentaram pelas cartas boas

Que importa se já sabiam do baralho marcado

Se o que se joga é a própria vida

O destino abre as cartas

Uma a uma

Numa mesa suja

Onde as prostitutas deleitam prazeres sórdidos

E os marginais espreitam como abutres o dinheiro pútrido

Que se paga por um pouco mais de melancolia

Pelo risco da sorte

Pelo próximo cigarro

Pois tu és rei, como o destino

és dama, como as prostitutas

és coringa como os marginais

e sua vida não é menos suja que a mesa

onde você se vende.

[rh]

Ricardo Henrique
Enviado por Ricardo Henrique em 26/10/2007
Código do texto: T710285