DUAS FOLHAS

(do meu livro "Poéticas", 1986)

Éramos duas pequeninas folhas

duas folhas de árvores vizinhas

e eu sonhava tanto contigo

tua beleza a tudo dava vida

E eu te fitava tanto...

como o poeta que fita a lua

em busca de inspiração

e eu te fitava tentando

acalmar a voz que gritava

dentro de mim na ânsia louca da paixão

E quantos dias passei

só querendo tua atenção

só querendo teu amor...

E quando na primavera

quantas vezes busquei em vão

as cores dos teus olhos...

quantas vezes busquei

na brisa quente o aroma dos teus seios...

Quantas vezes chorei tal qual um beija-flor

que tem no peito as mágoas de um amor perdido

da flor que entender-lhe não soube

seus singelos anseios...

E quando no verão, quantas vezes

brinquei de esconde com os pardais

quantas vezes imitei o alegre bailar das borboletas

e quantas vezes me pintei com as cores do sol

só pra te agradar, só pra te ver sorrindo...

E quando no inverno, quantas vezes

desejei teu corpo para juntos nos aquecermos

na mesma chama do mesmo amor...

éramos duas folhas de árvores vizinhas...

duas folhas...tão distantes...

E bastou apenas um outono para desfazer de vez

todos os meus sonhos de amor, ao levar-te

para sempre na garupa do vento que dos meus sonhos

nada sabia...

e levou-te de mim por caminhos ainda mais distantes

e depois a mim, a morrer de dor no chão

sozinho... Triste...

sem saber de ti...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 03/11/2020
Reeditado em 06/11/2020
Código do texto: T7103260
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