O BEIJO DA PALAVRA

Ó tu palavra escrita
imortal que não se esquece,
que medra como surto,
trepadeira que floresce.

Ó tu palavra escrita,
profetizada por Horácio,
imutável, imóvel, muda que não passava de inseto mudo,
presa no âmbar de Gutemberg.

Palavras... palavras... 
palavras subliteratas jogadas ao vento.

Palavras... palavras...
palavras anamneses...
linguagem subliminares. 

Ó tu palavra
que agora voas,
a vagar entre em nuvens de elétrons,
que viajas em flash
com zilhões e zilhões
de gigabytes
que inunda invadindo o espaço cibernético.

És tu palavra
Que é sinônima que se despe de antônima.
Que é frasal, que é nasal, que é sintática.
Que é silepse, que é simples e silábica.
Que é mesóclise, morfológica, sincopada.

És tu palavra
filha da mãe gentil língua
que ao poeta serve pra versar o verso do poema
Que é tutora de tudo.
Que manda no onírico
e ordena no real.
Que ordena nos projetos e no modus de pensar.
Que ordena nos devaneios e nos  biografemas do imaginário, Que fala na semiologia de Roland Barthes.

És tu que é poética que é palavra
na arte do dito quando dito,
que sem ser rasteiro o dito deve ser claro.
Que deve ser nobre sem cair no vulgar. 
Que deve ser dito sem ser tido o dito mistério e o enigma,
mas que deve o dito ser dito
usando palavras do vérnaculo raro
sem ser do usual, usando metáforas.

É assim que tu deves permanecer
com a palavra.

É assim que tu deves fazer do uso da palavra escrita.

littera scripta manet - a palavra escrita permanece - assim profetizou Horácio.

serrãomanoel - slz/ma - trinidad - 23.10.2007. 

serraomanoel
Enviado por serraomanoel em 26/10/2007
Reeditado em 24/01/2008
Código do texto: T710328
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