AMADURECIMENTO

Já não me pesam as palavras

e as suas sílabas escravas

de pretéritos pensamentos.

O verbo,

antes bravio,

agora repousa no leito sereno,

onde curou-se da insônia

e converteu-se em silêncio.

Carrego sobre os ombros

uma leveza que veio

com a brisa do oceano

soprar um hálito de calmaria.

A palavra ora flutua

altiva e soberana,

impávida, cigana,

despossuída e nua.

Com ela levitam

experiências:

o aprendizado das dores,

o sabor dos amargores,

devastadores amores,

as pétalas sem flores.

A palavra

escreveu em si a espera...

sábia, necessária, terapêutica ...

que se faz senhora,

que se fez penhora

do próprio ato de esperar,

para colher apenas o fruto maduro

no árvore de cada amanhecer.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Direitos Reservados

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 04/11/2020
Código do texto: T7103979
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.