Escravos do tempo
Dói o bater das asas do tempo
Que voa tão depressa
E nos assola
Presos aqui no chão
Admirando seu vôo majestoso
Condenados justamente por elas
Aquelas belas asas
Que jamais poderemos ter
Roubam toda juventude
Todo vigor
Renovam-se ao sugar a vida
Seus rastros são nossos corpos
Agora murchos, vazios
Prontos para serem enterrados
Enquanto o ciclo recomeça
Novas vidas à disposição do tempo
Seu vôo é cada vez mais alto
Rumando ao infinito
Às custas da nossa finitude
As asas batem
Frenéticas
E não temos como escapar
Nós, escravos do tempo
Ele, livre a voar