SERESTA
(do meu livro "Rosas Do Vento", 1987)
Seresta
coisa da antiga
página amarela
d'um álbum
de recordações...
Tão longe
o tempo a guardou
em violões
que já não se ouvem mais,
nos bares
em mesas boêmias
onde os cantores de outrora
já não se sentam mais...
Seresta
da poesia das janelas
à euforia dos rádios
sua voz traz de volta
o encanto da vida
noturna das calçadas
saudosas - voluptuosas...
Saudade...
Seus versos
viajam no tempo
falando de amor
numa apaixonada declaração
à Deusa da rua,
inspirados ainda
pelos luares cor de prata
num soluçar comovente
d'um violão que traduz
uma saudade de alguém,
derramando notas como se fossem
gotas de lágrimas
choradas, cantadas
num banco de praça
em noite de lua branca...
Seresta...
és a mulher do fundo da taça
és o retrato de um tempo eterno
és a voz que não se cala nunca
do amor, amor que em ti
se traduz...
Seresta, há de ser esta
a tua eterna definição.