ELEGIA EM MEU QUARTO
(do meu livro "Rosas Do Vento", 1987)
É no meu quarto
que eu me engano
que eu me dano
sou rei todo poderoso
sou plebeu
um mentiroso e gozador
que faço amor
com a solidão
e não assumo nada
nem cobro nem sou cobrado
e diante de mim
finjo não me ver
me faço de estranho
sou um e sou mil
um herói grego
um medroso e ridículo
e sozinho...
E é nessa solidão
inventada e reinventada
a cada dia - a cada noite
que envolve meus pertences
meus segredos - meus sonhos
meu violão (que é quem mais sabe de mim)
meu cavalo cinza de gesso
que eu tento suicídio
sempre que eu penso nela
que não me ouve
quando a chamo
que não me vê
quando me aproximo
que não me ama
não me quer
não sabe que
eu...