CONHEÇO-ME NO VENTO
(do meu livro "Rosas Do Vento", 1987)
Conheço-me no vento
que sopra mansamente
de canto em canto sem rumo
e sem nome - simplesmente
Conheço-me na sombra
que esconde todo riso
que esconde a esperança
e faz todo e qualquer momento indeciso...
Conheço-me no esquecimento
na dor de suportar todas as dores
e vivo à esmo - vazio - sem sentido
sem a ilusão dos grandes amores.
Conheço-me na mesa d'um bar
o boêmio incorrigível - vagabundo
que a cada taça de fel - ergue as mãos e brinda
ao inevitável fim do mundo...
Conheço-me na orgia - reduto
dos fingidos profissionais
e com todos me engano e enganados
seguimos nossos caminhos desiguais...
Conheço-me no Não da vida
Não ter ninguém - Não ser amado
Não ser ninguém - Não ser feliz
Não ter razão - e viver calado.
E Não devo ter pena de mim mesmo
pois, não mereço - tal minha indignação
pois que sou neste covil mundano
além de mais um cão?