PAI
(do meu livro "Lira Casual", 2000)
Pai, quando te cantei
em minha inocência, os meus
primeiros versos de "Meu Pai Meu Herói",
eu estava na minha sétima primavera
lembra-se?
Bons tempos aqueles
quando eu te podia admirar de perto...
e aprender com os teus atos
era para mim motivo
de muito orgulho,
orgulho por ter um pai
em quem eu podia me espelhar.
E mesmo quando erravas,
erravas de um modo para que eu
pudesse entender que certas coisas
eu não devia fazer.
E graças à tua firmeza, não as fiz.
Embora a tua rudeza o tenha
por muitas vezes impedido
de dar mais do que receber,
o que recebi de ti, foi com certeza,
bem mais do que te pude dar em troca,
mesmo porque, nunca me pediste nada em troca.
Pai, brigamos várias vezes
mas também nossas brigas, foram
frutos dos teus ensinamentos.
Sim, acaso não me ensinaste a
formar por mim mesmo, as minhas próprias opiniões?
Mesmo quando discordávamos dos pontos de vistas em
comum, era um sinal de que teus ensinamentos,
estavam sendo postos em prática.
Um dia nos separamos, não como
duas pessoas que se odeiam,
mas que se amam, e sei que
a falta e a saudade foram recíprocas.
E na distância foi que pude ver
o quanto teus ensinamentos estavam certos,
o quão nossos dias de aprendizado
foram importantes e valiosos...
Mas o tempo, nos trouxe ou nos levou
a uma distância ainda maior e inevitável,
mas consigo te sentir agora,
mais ou tão presente do que antes,
e hoje, graças ao pai que foste,
posso bater no peito com satisfação
e de cabeça erguida, dizer que
aquelas minhas palavras que a ti dediquei
naquele meu canto singular de um menino
de sete anos, estavam mais do que certas,
e que fui feliz em tê-las escrito.
Por isso, Pai, é que te digo,
que o tempo pode ter tirado "você"
de mim, mas não desfez nem desfará
o herói que "você" foi e ainda o é
e sempre o será para mim.
Saiba que me orgulho muito
do nome que me deste.
beijos, Pai.