"GUARDANÇA"

Guardo em mim,

na algibeira do coração,

a terra de todos os cumes,

o vento mais elevado,

o eco do céu arrancado,

e de todos os seus lumes

o fogo dos deuses:

do profano e do pagão

e de outro mais sagrado.

Porque já não me contento

com nada menos

que os infinitos que conquisto,

na viagem dum sentimento

de um amor do qual me visto

e mesmo que não tenha visto,

me agasalho com o que invento.

Guardo em mim a esperança,

o desejo acima da razão,

o futuro de luz avança,

se adianta e se lança,

rasgando toda a escuridão

para costurar a imensidão

com as agulhas da paixão.

Guardo em mim

a sensação de pertença

do seu corpo ainda ausente,

mas que virá da nascença

de algo que me alimente

e faça cumprir sua missão

ainda que seja pelas mãos

de um sonho de verão.

Guardo em mim,

mas quem sabe, você,

também possa guardar

na mesma algibeira,

para poder compartilhar

comigo o mesmo sonhar

e depois, tomara, o realizar

e assim ser a primeira

chuva desse orvalhar,

porque do amor, vamos

sendo a sementeira,

pois sem ele

a vida passa tão ligeira,

que não se dá por inteira.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Direitos Reservados

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 15/11/2020
Código do texto: T7112509
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.