LIRA CASUAL

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

Já não reflito

sobre aquilo que falo

Sou o mesmo quando grito

e quando me calo

Evito julgar

As prioridades do ser

Pois nem aquilo que me define

Comigo irá morrer

Não me importo

se sou ouvido ou ignorado

Não tranco a minha porta

mas gosto do anonimato.

Há muito me desfiz

dos sonhos que tive

Em meu viver pacato aprendi

que quem apenas sonha, não vive.

Afinal quem só de razão

alimenta o ego e a timidez

descobre cedo ou tarde que suas teses

não passam de insensatez

O velho espera o novo

a morte abraça a vida

e a fé que arrasta o povo muda

conforme a pena ou a graça recebida

A cólera não tem remédio

o homem morre de si mesmo

E pior que o amargor e o tédio

é saber que vivemos à esmo...

Ao bardo, que resta afinal?

calar-se ou mentir?

escolher entre o bem e o mal

viver ou simplesmente existir?

O certo é que enquanto as guerras enterram

seus vivos em poço profundo

os vermes da terra esperam

pacientes, o fim do mundo...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 16/11/2020
Código do texto: T7112902
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