LOUCO

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

Que é de ti

nessa comédia besta

e sem graça da vida

em que fazes o papel de louco?

Louco, ah

E acho que nunca

Reparaste nisso!...

E tua loucura

Produzida

Articulada

incurável

Improvável

Explorada

Não te isenta de nada

Nem dos crimes (nem mesmo os que

não cometeste)

Nem das taxas

Nem das avarezas

Nem das guerras

Nem das culpas...

E das culpas

Que sabes tu delas?

E dos problemas de insatisfação dos homens

E das crises existenciais

Dos teus opressores

Que tens tu a ver com tudo isso?

Quem se importa?

Quem se preocupa?

Grande é porém, o teu pecado

De ser louco, e o mundo,

O mundo não quer saber

A tua versão, a tua verdade...

Os teus motivos não interessam a ninguém.

A tua dor não interessa a ninguém...

E te pergunto que é de ti

Nesse universo de feras?

Que é de ti

Mantido alheio

Às grandes causas

Às grandes decisões

Aos grandes empreendimentos

Isolado em ti mesmo?

Eu, como mero observador

Da tua dor e da distância

Fria do teu mundo, pergunto

Afinal quem és tu oh louco?

Que sentido tem tudo isso?

O que é a loucura afinal?

Seria insatisfação ou seria

instabilidade emocional apenas?

Seria auto anulação?

Seria ausência de opções

Ou seria mesmo até uma opção?

Louco, acho que somos todos loucos

Loucos por aceitar esse mundo como é

Loucos por não termos coragem de mudar

Loucos por sermos cheios de preconceitos

e outras tolices mais...

Sim, somos loucos. Iguais a ti

Mas não assumimos...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 18/11/2020
Código do texto: T7114590
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