João
O homem, o caixa, o chão
C X
A Ã
I O
Quando não morre de fome, de bicheira,
barriga inchada, tocha humana
iluminando a praça afogada em álcool
urina e sangue, morre então por estar vivo,
teimosia que ultrapassou a barreira do ventre.
O homem, o caixa, o chão
MATA LEÃO.
Bicho sem fôlego, lutador,
que ousa não aceitar a própria morte.
O homem se mexe, grita, o homem é forte.
Negro, negro, teu sangue não é mais escuro,
nem tua lágrima,
nem teu suor.
Mas tua dor dói mais.
Teu sofrimento sofre mais,
Tua morte morre mais.
Vão carregar teu corpo
Furtada a vida já está.