OBITUÁRIO

Com sorte, essa extravagância de acordar

se dará amanhã, como tem se dado há anos.

Não haverá surpresas e se houver,

terá a pertinência de um mal estar ou atraso.

Certamente, o caos se esconderá entre as palavras,

marcando os passos coreográficos pela rua.

E dentro de casa, onde se acomoda a normalidade,

os porões serão culpados por arroubos de consciência.

Permanecerão nos gestos fingidos ao longo do dia,

o desejo peculiar de que tudo acabe logo.

Mas comporemos poesias de alta gravidade,

semearemos a inevitabilidade da finitude

e dormiremos entre culpa e senso de responsabilidade.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 22/11/2020
Código do texto: T7118205
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