PASSARO DO ÉTER
Ontem sonhei que Deus alava-me
com possantes, venustas, alvas plumas,
E, como um falconiforme, do solo alçava-me
De encontro aos céus, rompendo brumas.
E, num piscar de olhos encontrava-me
No cosmos, entre cometas e algumas
Estrelas solitárias, deleitava-me,
Cercado de diversas lumas,
E, ao percorrer todo o universo,
Sentei-me num astro e fiz um verso
Pra uma estrela que chorava de saudade,
E ela, ao ouvir-me, olhou-me tristemente,
E num fulgor virou estrela cadente,
E no céu imergiu na imensidade.