DISCURSO PARA A ALMA

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

Alma que se crê poeta

na palavra que cultiva

inventando solidão...

Seu universo é um espelho

onde nem tudo que se reflete

pode se chamar poesia

mas pura murmuração...

Alma boêmia - visionária

Cúmplice do seu próprio destino

Por sua escolha esta sentenciada

a uma eternidade de paixão

suportando mesmo as dores

que não são suas, mas do mundo...

Alma noturna - incompreendida

Como dói o seu ato de calar

como mancha e seu modo de aceitar...

Seu infinito cabe num grito

e sua fragilidade metrificada

se aborrece ante o vazio

do instante débil da rima...

Ó alma que vibra na presença

estrangeira da luz

abandona esse campo e foge agora

Que o sonho se acaba

e tudo que tem de seu

o dia vai e leva embora...

Guarde a transparência do seu olhar

e a nenhum impulso atenda

ante o cálice de memórias...

Alma - poeta de ocasião

insustentável é a palavra

insuportável - a solidão...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 23/11/2020
Código do texto: T7118696
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