Da forma que ama um louco

Talvez eu ame

o pedaço

que você deixou dentro de mim,

como um espinho

encravado na carne

do meu braço.

Talvez eu ame, mais do que odeie

todo o resto,

que ainda dói,

e as mágoas que me rasgam

sempre que te procuro

do meu lado,

quando as luzes do quarto

se apagam.

Talvez não exista nada

da primavera, entre as ruas desta cidade,

além do calor

que me corrói,

no meio da madrugada.

Talvez, por este fato,

nada tenha brotado

do que sempre me falavas

que era o seu amor,

se é que me amavas,

de verdade.

Talvez já não possas me ouvir

mas eu sempre sussurro

aos nossos lençóis,

que já não me arrependo,

oh, minha flor,

eu não me arrependo, nem um pouco,

de ter me deixado enganar

pelos gemidos que me davas,

E por tê-la amado,

e talvez ainda amar,

da mesma forma

que ama um louco.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 25/11/2020
Código do texto: T7120413
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