ELEGIA (SINA DE SER SÓ)
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Tenho a sina de ser só
e a sorte de ser triste.
E se há de fato a infelicidade
é em mim que ela existe...
Como folha que o vento arrasta
Como astro que erra no espaço
Não tenho destino nem parada
simplesmente passo...
Quem me sabe além de mim?
Quem além de mim me ignora?
Quem se importa se eu chego
ou se vou embora?
Meu pranto é sem consolo
pois eu choro tão sozinho
onde quer que eu vá
é de lágrimas o meu caminho...
Minhas palavras ecoam à esmo
ninguém responde ao meu clamor
Nem a morte de mim se lembra
nem a vida me livra da dor...
Mas faço da dor uma virtude
e da lágrima um ato de sinceridade
pois que o riso é efêmero e dura pouco
e nunca fez ninguém feliz de verdade...