Remordendo

Não messa,

Não pare.

Passa, quase muda.

Fuja, senão mate,

Molde, senão molha.

Quando sola, a coisa

Pesa. Quando lesa

A coisa palha.

Quando

Ralha, a pele pila e

As vezes se empola,

As vezes se empolga,

As vezes da ferida,

As vezes se dar corda ou

Se der culpa, não rola;

Nem com cola, nem

Com colo, nem no

Solo, nem consolo;

Nenhum rosto arrasta,

Nenhum goldo desce,

Nenhum galo gala;

Nem prece nem praga

Rogada ou estendida,

Retida ou distribuída,

Te auxilia na paga;

Quando

Enruga, a roupa suja, a cara

Coalha, a língua encolhe, a

Cama geme, a sede morde,

A pele pula; Aí abusa, aí recusa,

Aí remenda, aí acusa, aí lamenta,

Aí te tolhe, te desenlata

Te desemenda, te desengole

na merenda da manhã

Com gastro-alucinação;

O que sobra sobre a insatisfação:

molho de mágoa,

calda turva,

trovejo de trauma;

serena como

suor da nuca,

atingindo gentilmente o chão em ultra

câmera lenta...

Nia Ferreira
Enviado por Nia Ferreira em 02/12/2020
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