MULHER DA VIDA
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Mulher da vida
Mulher da noite
Exposta ferida
Do seu próprio açoite
Mulher do mundo
No exercício da função
Deseja no fundo
Paz no coração...
Mulher vadia
Mulher solidão
Só quer alegria
E o mundo diz não!
Nas esquinas da vida
Pela noite à dentro
Se encontra perdida
Nas mãos do momento...
Não tem graça o poema
Quisera fosse flor
Não esconde o dilema
Embora fale de amor.
Mulher da vida
Mulher do mundo
Mulher vadia
Eu sinto muito...
Mulher sem nome
Apelido apenas
O mundo lhe consome
Bem mais que suas penas.
Mulher de areia
De vento e sal
Sua alma vagueia
Entre o bem e o mal...
Mulher, objeto sois
Do prazer enganador
Me dói, vê-la depois
Do orgasmo, carente ainda de amor...
E sem saber o que quer
Iludindo, se ilude também
E faz de um sonho qualquer
A felicidade que não tem...
A mim não cabe
Os seus passos julgar
E o mundo, que sabe
Além de lhe usar?
Mulher sem nome
Mulher de areia
Mulher... nada mais que mulher
Assumiremos essa culpa à meia...
Yokohama, Japão - 08/1.998