SONHO, VOO, POESIA
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Não me desfaço dos meus sonhos
mesmo que me tirem o sono.
O meu ato de sonhar
é um direito ao qual
faço questão de gozar...
E quem não sonharia
posto que o sonho nos tira
o peso do mundo (mesmo que por
uns instantes apenas) e nos
põe sobre os mais altos
limites da desigualdade humana,
e onde a dor de um simples
não é mais que um conceito
e a vida pode ser do jeito
que a gente quer
e nos permite voar sem ter asas?
A verdade é que sempre vale a pena
cultivar os sonhos como
se cultiva frutos, amigos...
A essência é a mesma
os efeitos também.
Por isso eu sonho e sempre vou sonhar!
Só assim, me aproximo das almas tontas
que giram em torno do mesmo
mistério que tange a poesia...