MINHA RUA
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Minha rua
passagem obrigatória
do dia e da noite
de gente que vem e que vai
do novo e do velho...
Minha rua
da infância distante
conserva ainda as mesmas pedras
os mesmos sonhos, o mesmo costume
de se sentar na calçada
e conversar e ver o tempo passar...
Minha rua
que guarda os ecos
dos gritos, da algazarra
da molecada...
hoje abriga também buzinas e roncos
dos carros, ônibus, progresso...
Minha rua
que nunca foi poema
tem rimas e ritmos
metáforas e um lirismo comovente...
Minha rua
ficou parada na memória
e em nada se parece com a rua que vejo
cercada de grades e intranquilidade...
Ah aqueles dias...
Minha rua mudou
eu mudei
muita coisa mudou
mas o luar ainda é o mesmo
as pedras as árvores
o vai e vem, a magia...
A necessidade de se viver
é a mesma, com ou sem saudade...