A POMBAGIRA DE BIZET

Carne domada em casa grande,

não compreende ventania que abre porteira.

Vem raio, mas antes vem dança forte,

onde leques se abrem e o chão se risca,

não é linha reta, é diagonal da noite,

de anel recusado e morte avisada.

Só cabe improviso pra quem é esquerdo,

não mora em concreto nem se lamenta.

Por isso que o tempo é caso perdido,

pedindo licença em meio à tormenta.

Daqui nunca foi, nem há de ser um dia.

Foi feita de assombro e fita encarnada.

Quebrou as mãos numa falsa alegria,

pra reinar sem dono na encruzilhada.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 13/12/2020
Código do texto: T7134266
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.