A CANÇÃO ANDA PELAS RUAS

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

A canção anda pelas ruas

feito um mendigo

batendo de porta em porta

com uma viola na mão

e tudo que pede, é um pouco de atenção.

A canção não escolhe esse ou aquele,

não conhece diferenças, não conhece classes

não tem preferências ou preconceitos...

Para a canção, só importa mesmo, é ser ouvida...

A canção espera alguém que lhe dê ouvidos,

como a mulher espera o homem da sua vida,

como a flor espera o orvalho da manhã,

como a lua espera a noite para poder brilhar

e encantar aos poetas e os amantes...

A canção se faz ponte às vezes

para unir duas vidas,

ou mesmo duas nações...

às vezes se faz rio caudaloso e manso

para matar a sede de quem tem sede,

mas às vezes esse rio se torna corrediço

e leva em suas correntezas as dores do mundo...

A canção se faz às vezes, alimento da alma.

E não há nada como uma canção

falando de amor de fé e de coragem

e liberdade, para desabafar a mágoa

que nos aflige o peito...

Por isso e assim, a canção vai de um lado

para outro, cruzando caminhos

batendo de porta em porta

como um indigente, e tudo que pede,

é um pouco de atenção...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 13/12/2020
Código do texto: T7134635
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