Ele acordou

Ele acordou

Atrasado

Sentiu o cheiro

Que invadiu o quarto

A música

De um rádio abafado da cozinha

Os movimentos foram rápidos

Banho

Barba

Prender os cabelos

Se vestir

Não daria tempo de tomar o café

Passou pela sala

Correndo

Olhou pra cozinha

O tempo parou

O poema se alongou

E devagar ficou

A fumaça saia lentamente

Do bule perfumando

Toda a casa

A música era alguma do Belchior

Por toda a casa

O gato cinza dormia preguiçoso

No pé da mesa

Pra quê a pressa?

Pra quê correr?

Pra quê deixar a vida correr de pressa?

Ela perguntou

Segurava a caneca de café fumegante

Dizia de costas pra ele

Olhando a janela

Deixando o sol lhe banhar

Ela se virou e sorriu

O beijo de café

Apenas confirmou

Que ele não precisava ter pressa

O que ele precisava estava ali

Beijo

E café

E uma promessa

De aproveitar a vida

E absorver esse longo poema

Essa longa vida

E a caneca de café fumegante...

Wesley Curumim
Enviado por Wesley Curumim em 19/12/2020
Código do texto: T7138983
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