SOU FILHO DESTA TERRA
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Eu vivo aqui no meio desta serra
Eu sou filho desta terra
Que é a minha inspiração
Aqui eu tenho todos os dons da natureza
O meu rancho é uma beleza
O mais alegre do sertão
Daqui eu ouço murmúrios da água corrente
Que desce lá da nascente
Onde os bichos vão beber
E o festivo cantar dos passarinhos
Que se agitam em seus ninhos
Quando rompe o amanhecer
Eu sou matuto, minhas mãos são calejadas
Uma parte é da enxada
E a outra é da viola
Pois não dispenso uma boa cantoria
E se me bate uma nostalgia
É ela quem me consola
Levanto cedo, meu trabalho é minha vida
Ver minha roça bem sortida
É o meu maior prazer
Feliz do homem que respeita a natureza
Pois tem sempre o pão na mesa
Pros seus filhinhos comer
Não sinto inveja de quem vive na cidade
Pois pra mim felicidade
É um quintal sem muro e sem portão
É uma casinha pequenina de sapê
É o amor de uma mulher
É a paz no coração
Não sou poeta sou caipira simplesmente
E agradeço ao Onipotente
Por ser assim como eu sou
Não tenho luxo mas eu tenho o que preciso
Pois moro num paraíso
Que a mão de Deus abençoou.