DOS VENTUROSOS DESFECHOS
Calados estavam os rouxinóis,
escondidos entre as árvores,
fugindo das bravas nuvens
que bradavam trovões retumbantes
e cuspiam águas líquidas e sólidas e geladas.
O vento uivava
nervoso,
espantando lebres e raposas,
glorificando a tormenta
em suas canções esfuziantes.
A tarde estava escura
e longa e escura.
Relvas e flores frágeis não puderam resistir.
Desverdejaram…
A noite,
tenebrosa como nunca,
sequestrou as estrelas e a Lua e os astros,
chorou de raiva, de ódio, de medo,
de covardia,
gritou em fúria contra todos os átomos.
Esgotou-se de suas tantas lágrimas fartas,
enfraqueceu
depois de vociferar seus raios.
Coube à antemanhã quebrantar a ira
e preparar o caminho.
A aurora chegou morna,
de mãos dadas com o azul, o Sol e o respiro.
Os estribilhos podiam ser ouvidos
entrelaçados nos braços dos zéfiros.
A abelha provou da flor,
e o cervo alimentou-se
do verde rico de orvalho.