A flor do meio fio

Contrariando a dura regra,

Insubmissa à exatidão da régua; ela surge.

Delicadamente imponente ou

Imponentemente delicada.

A flor do meio fio brota

em afronta ao ressentimento concreto

e brada contra a rigidez asfáltica.

Mesmo as vezes pisada

mantém a graça e exala seu perfume.

Este, imperceptível, cruelmente abafado

pelos maus cheiros da vida mecânica.

Ela é um pequeno sopro de pureza

que contrasta com o ar contaminado dos motores.

Representa a inocência

não corrompida pelas moedas que loteiam o chão.

E grita. Grita silenciosamente

o grito da vida contra a não vida;

da poesia contra a técnica; do ser contra o fabricado.

Mas acima de tudo resiste

Dan Rudá
Enviado por Dan Rudá em 22/12/2020
Reeditado em 28/11/2023
Código do texto: T7141739
Classificação de conteúdo: seguro