EIS QUE FECHO MEUS OLHOS

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

Eis que fecho meus olhos

e vejo outra vida

Suspenso no ar, não sinto

a minha imperfeição - a que

chamo corpo (ilusão de mim mesmo).

À minha volta, pessoas, ruas, lagos,

montanhas, pedras, tudo,

é de um branco branquíssimo

e lentamente se move

num sentido anti-horário

e tudo me é estranho...

Estou e não estou

não vejo minhas mãos

não sinto meus pés

branca também é a minha visão.

É como se eu caminhasse nas nuvens

mas não há céu, só sombras

e túneis de fumaça,

a fumaça também e branca

branquíssima...

Ouço murmúrios - quem chama por mim?

ninguém - é apenas o eco

dos meus pensamentos...

_ Vultos que passai por mim, dizei-me:

Por acaso morri?

Que lugar é este afinal

que não consigo definir?

Só sei que é muito frio.

Algo toca meu rosto, parece uma lágrima.

É uma lágrima! Incrível, mas é uma lágrima!

Quisera fugir, mas minhas pernas

não me obedecem e a lágrima

no meu rosto insiste...

Como pode uma simples lágrima pesar e durar tanto?

De repente me transporto

viajo em mim, abro os olhos

e a flor ao vento balança

olho ao meu redor, me encontro

estou de volta de onde não me lembro

de ter saído...

O céu... a praça...as igrejas...

ainda são os mesmos...

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 23/12/2020
Código do texto: T7142393
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