Livre prisioneiro

Não faço versos como quem anseia a fama

mas porque inflama este meu peito um sentimento

seja de dor, amor, pavor, ardor ou chama

que se esparrama como fosse aroma ao vento.

E do universo de sentidos faço um drama

e sou quem clama como quem buscara alento

no redentor, na flor, na cor do tingimento

se é fingimento o amor que sai do pensamento...

E se poeta eu for por bem do meu destino

é desatino só que vem de vez em quando

me transformando novamente num menino

pobre e franzino - pés no chão - sempre sonhando,

sempre esperando enquanto eu vou perdendo o tino...

Ave sem trino e presa ao chão! - não sai voando...

***

E por ser livre eu fujo à forma do soneto!

Mais um terceto e tenho asas - eis que faço

quebrar o laço do que foi prisão e casa!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 29/10/2007
Reeditado em 29/10/2007
Código do texto: T714524