PERMITA-SE A LEVEZA
por Juliana S. Valis





Permita-se apenas ser leve, em paz, na essência,

Liberte-se da hipocrisia produzida em massa,

Deixe aquele Alguém preso às aparências

E às fachadas em seu próprio canto,

Deixe o coração vagar sem rumo pelos ares,

Como sombras de olhares que se cruzam,

Como ondas nos mares de uma alma em paz...




Sim, permita-se ser um leve Ninguém, às vezes,

Mergulhe nas coisas serenas que só o desapego traz,

Sem olhar pra trás, apenas refletindo,

O que nós, desde crianças, vamos sempre ouvindo

A mesma ladainha há séculos repetida:

Você tem que ser "Alguém" nessa breve vida,

Alguém que tem poder, fama, riqueza,

Alguém com rótulos sociais à mesa,

No teatro de aparências que esse mundo faz...




Mas, no fundo, alguém é livre para ser, de fato,

Algo além de tantas embalagens ?

Tantas maquiagens para nada exato

Que ninguém pergunta se tudo é uma miragem,

Procurando um modo de ser mais sensato,

Sem morrer na alma, e sem viver à margem,

Buscando amor no espírito que possa ser mais grato.



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