DA MOCIDADE HUMANA
(pelas palavras de um alienígena...)
Sabe, Dom,
estou na beira de um abismo
e lá embaixo
me olha uma assombração.
Quis alguém que não me quis
e, de tanto querer, tanto fiz,
que, de tanto fazer,
morri na própria solidão.
Humano, Dom,
nunca fui tão humano
ao sentir essas coisas
e procurar asas
como um anjo caído, aleijado...
Meu fado, desgraçadamente
me cobra o passado,
(e é um passado que graças a Deus
não consigo lembrar).
A saudade é o abismo, Dom,
saudade de não se sabe o quê
e se pode apenas sentir,
e ela tem pernas, tem olhos,
um cheiro de druida
e uma coisa abaixo do umbigo
que deixa os homens loucos.
Eis que a saudade tem um nome
que só as lágrimas sabem
o quanto significa.
E você aí, do outro lado,
não me olhe assim também.
Vá amar alguém
e tentar ser tão humano quanto fui.
Depois,
me escreva um poema
com palavras que rasgam...
mas curam.