PÉROLA

Eu vejo daqui desta teimosa taquicardia,

um lençol solitário ali no varal da vizinha;

quando roça o seu rosa na grafite invisível

dos ventos risca o contorno da coreografia

da tarde que trafega entre pausas e batidas

e ecos e silêncios e toda aquela engenharia

sólida da solidão: tem a última dose, ainda.

Ando pela varanda e miro no morro acima.

Há uma pérola atrás do galho: não é minha.