Não tenho tempo

O tempo é como um rio que escorre pelas mãos.

Há períodos em que o tempo apresenta rachaduras, igual ao sertão, faz fissuras que parecem intermináveis caminhos que unem passado, presente e futuro.

É curioso notar com o passar dos anos, que quando crianças, desejamos que o tempo voe para chegarmos a vida adulta, e mais, que quando adultos, sonhamos em voltar ser criança, geralmente, falamos a seguinte da frase “se eu soubesse teria aproveitado mais minha infância”.

O tempo é veloz.

Se olharmos o outro cuidadosamente, veremos aparecer devagar as rugas no rosto cada vez mais salientes, os cabelos brancos surgindo, as mãos marcadas pelo trabalho, o olhar cansado de dias exaustivos, o andar cada vez mais claudicante, a respiração mais lenta.

O tempo deixa marcas.

Vezes por outra escuto “não tenho tempo”. Será mesmo que não tem?

Deixamos sempre para depois, a viagem sonhada, a visita aos familiares e/ou amigos, o livro que não foi lido, o curso perdido, e tantas outras coisinhas mais que nem nos damos conta de imediato. Só percebemos em um depois.

Passamos a vida toda reclamando do tempo, de como corre rápido quando queremos que demore, de como é lento quando queremos que seja como cometa, ou ainda, que o tempo cristalizasse para vivermos no êxtase momento.

O tempo não volta.

O “não tenho tempo” me parece ser mais uma maneira de evitar o que se deseja fazer, um jeito de jogar para o tempo a responsabilidade das nossas escolhas, quando, na verdade, o tempo mesmo não tem nada com isso.

Acreditamos que o tempo cura, colocamos curativo nas feridas de modo a não enxergar a responsabilidade naquilo que nos queixamos diariamente, simplesmente por escolhemos não mexer com medo de sentir, sentir a dor rasgar o peito. Porém, deixar a cargo do tempo só adia o sofrimento.

O tempo deixa sinais.

Independente de sua vontade, do que você faz ou deixa de fazer, o tempo continua andando, o relógio corre, quando se vê já se foi mais um dia, mais um ano, mais um século, ainda que desejemos mais tempo para realizar mais coisas, isso não vai acontecer.

O tempo, não perdoa ninguém.

Jéssica Gualberto
Enviado por Jéssica Gualberto em 11/01/2021
Código do texto: T7157578
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