Vida de Caminhante

Quando eu andava no meio do mundo

Achava ruim quando o sol não dava descanso.

Pedia a Deus que uma árvore aparecesse

E eu pudesse me abrigar com minhas filhinhas.

A vida de uma caminhante é tecida com sol

E fome.

Eu chorava pelo caminho.

Sentia vontade de desmoronar quando olhava a carinha das minhas filhas,

Afligidas pelo calor, machucadas pela falta de um teto.

O mundo arrastava a gente estrada a fora.

Ninguém pode escapar do destino prometido pelos Encantados.

Então minha vida era arrumar os panos

E partir quando o dia se preparava para nascer.

Eu tinha esperança de criar raízes nos lugares que passava.

Mas meu destino era abrir passagens...

E seguir.

E eu segui.

Até que todos os caminhos me trouxeram para o Alto Alegre,

E eu morei no coração da Lavagem.

É aqui que termino meus dias.