Malandro honesto

Vivo em um pequeno mundo de ilusão.

Em que não me preocupo com meu gesto.

Só penso em me dar bem e ter razão.

Pois sou um malandro honesto.

Vejo cair dinheiro do bolso alheio.

Olho em volta e nem contesto.

A quantia não caiu do meu arreio!

Então é minha, do malandro honesto.

Vou à padaria e pago minha limonada.

Recebo troco a mais e nem protesto.

Afinal, quem vacilou foi a subordinada.

Eu sou um malandro honesto.

Entro em uma enorme fila bancária.

Furo... e não estou nem aí para o resto.

Não sou igual a essa gente otária!

Sou apenas um malandro honesto.

Depois do almoço deixo a mesa “um lixão”.

Mas uma mesa suja é o que mais detesto.

Não me preocupo com o próximo cidadão.

Continuo sendo um malandro honesto.

Chego a casa e meu barulho é enorme.

Quando me acordam, com ruídos, protesto.

Tudo tem que ser como meu conforme.

Sou um mero malandro honesto.

Acordo já acostumado com essa atitude.

Quase sempre penso que não presto.

Já se foi embora minha juventude,

Mas continuo sendo o malandro honesto.

Marcelo Pompom
Enviado por Marcelo Pompom em 21/01/2021
Reeditado em 21/01/2021
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